A crise da agua em SP
Relatora da ONU diz que crise viola direitos humanos(artigo
publicado no jornal Correio Popular em 26/8/14)
A relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU)
para o direito à água e ao saneamento, Catarina Albuquerque, disse ontem em
Campinas que a escassez de água que atinge o Estado pode ser considerada
violação dos direitos humanos ao acesso à água. Segundo ela, uma parte da crise
“pode ser culpa de São Pedro”, com a redução do volume de chuvas, mas outra é
resultado da falta de investimentos. “Quando uma empresa de saneamento opta por
distribuir dividendos aos acionistas ao invés de investir no abastecimento,
isso me parece uma violação dos direitos humanos”, disse, em referência à
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Relatora da ONU rebate Alckmin e mantém críticas ao governo por crise
hídrica em SP
Catarina de Albuquerque diz que, de
forma geral, falta de água generalizada podem ser evitadas com planejamento
O
Tribunal de Contas do Estado (TCE) afirmou que a falta de água em São Paulo foi
resultado da falta de planejamento do governo paulista e relatou que a Secretaria
Estadual de Recursos Hídricos (SSRH) recebeu vários alertas sobre a necessidade
de um plano de contingência para eventuais riscos de escassez hídrica na Região
Metropolitana de São Paulo.
Durante a crise hídrica, casos de diarreia se multiplicam
em São Paulo
Vigilância
Epidemiológica associa os surtos da doença ao cenário de desabastecimento
Os casos de diarreia aguda
tiveram um aumento importante no Estado de São Paulo em 2014, associado à crise
hídrica. A avaliação é do próprio
Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), órgão da Secretaria Estadual de
Saúde, ligado ao Governo Geraldo
Alckmin (PSDB). O centro
qualificou 2014 como um ano “hiper-epidêmico”, após uma análise detalhada,
embora preliminar, das notificações de surtos da doença. O órgão associa o
evidente aumento de casos comunicados – quase 35.000 em algumas semanas de
fevereiro, março e setembro – aos problemas de abastecimento de água que ainda
afetam toda a região metropolitana e várias cidades do interior. “A crise hídrica escancara problemas que
não são novos em relação à água e ao saneamento em São Paulo e no Brasil”,
considera o estudo.
A vida com três horas de água
Com a crise
hídrica, moradores de Osasco têm de acordar às 3h30 para lavar roupa
Sabesp diz que eles
têm 12 horas de abastecimento de água, mas a prática é outra
Elas se queixam de que
quase não dormem e de que já não precisam do despertador: a falta d’água,
consequência da crise
hídrica mais grave dos
últimos 84 anos, mudou o sono e a rotina delas. “Faz mais de seis meses que
estamos assim, estamos com as costas doendo de tanto carregar baldes”,
queixa-se Janaína.
Os ‘ninguém’ de Alckmin
Governador afirma
que ninguém ficou sem água. Os rostos da seca dizem o contrário
Enquanto discorrem os planos políticos do governador, todos
os bairros da região metropolitana de São Paulo são submetidos a redução de
pressão nas tubulações até – oficialmente – 20 horas por dia, o que, na prática, significa
depender das caixas d'água. Sem elas, as torneiras ficariam secas durante a
maior parte do dia. No abastado Jardim América, por exemplo, a pressão cai das
15 horas até às 7 horas da manhã. São 16 horas sem abastecimento regular. A
água falta, sim. Em Osasco, em Carapicuíba, na zona leste, na infindável
periferia, em escolas, no interior, mas também nas casas de classe média do
Butantã e Perdizes. Os rostos da crise
hídrica, que contaram seus relatos ao EL PAÍS,
contrariam a versão do governador.
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