Rio Atibaia, em Campinas, que tem água liberada para garantir também o
abastecimento de Jundiaí
(Foto: Matheus Reche/Especial para AAN)
Oferta de água tem nível crítico na região de Campinas
Demanda já supera disponibilidade das bacias PCJ, diz estudo.
Os municípios das bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí (PCJ) estão vivendo em situação de insegurança hídrica, segundo o
Relatório de Qualidade Ambiental 2011 da Secretaria de Estado de Meio
Ambiente, que traz um diagnóstico preocupante: será preciso aumentar o
volume dos rios em mais 16 metros cúbicos por segundo de água (m³/s), ou
encontrar outra alternativa de abastecimento. A demanda total das cidades
da bacia é de 81m³/s, mas a disponibilidade hídrica total é de 65m³/s
para atender 61 municípios.
Essa situação crítica está presente na distribuição das reservas de águas
interiores na bacia, informa o relatório, porque se torna necessário
alimentar, também, um sistema de exportações internas. Isso se dá pela
transposição das águas da Bacia Hidrográfica do Piracicaba (com recursos
de sua sub-bacia do Rio Atibaia), para as dos rios Jundiaí (visando
garantir o abastecimento de Jundiaí) e do Capivari (visando assegurar o
completo abastecimento de Campinas). O mesmo ocorre, internamente, da
sub-bacia do Atibaia para a do Baixo Piracicaba e da sub-bacia do Jaguari
para as do Atibaia e do Baixo Piracicaba.
Além disso, os recursos hídricos existentes na bacia hidrográfica não
estão totalmente disponíveis para saciar as suas demandas. Uma parte
considerável deles, pertencente ao do Rio Piracicaba, é transferida para o
Sistema Cantareira (algo em torno de 30m³/s), sendo responsável por 50% do
abastecimento doméstico demandado pela Região Metropolitana de São Paulo.
Muitos municípios têm reservas próprias (barragens), outros lançam mão de
água subterrânea e a indústria cada vez mais tem feito o reuso da água. Os
5m³/s a que a bacia tem direito do Sistema Cantareira já é insuficiente e
a região quer que, na renovação da outorga do sistema, em 2014, a bacia
possa ter pelo menos 12m³/s.
"A solução está em um conjunto de medidas que devemos pactuar. Temos que
aumentar a produção de água, investindo na recuperação de nascentes, matas
ciliares; melhorar a reserva de água com a construção de barragens;
reduzir as perdas nas redes, eliminar o desperdício, cuidar da qualidade
da água, investir em reúso. Não há uma solução única", disse o diretor do
Consórcio das Bacias PCJ, Francisco Lahoz.
O engenheiro agrônomo e consultor ambiental Nelson Barbosa credita a culpa
pela situação de insegurança hídrica aos gestores dos recursos que,
segundo ele, tomaram um caminho errado não valorizando a importante área
de produção de água. "A grande preocupação deles sempre foi a área de
qualidade de água, importante sim, mas não encarada de forma doentia
(lobby do tratamento de esgotos) com uma prioridade distorcida e absoluta,
em detrimento dos demais problemas e ações necessárias", afirmou. Para
ele, o caminho tem que ser direcionado à produção de água, a investimentos
na preservação, conservação, recuperação e planejamento da área rural,
onde estão as nascente e toda a origem da água. "Infelizmente essa região
rural está bastante degradada porque foi e é ocupada e utilizada de forma
errônea. E isso impede a adequada recarga dos aquíferos subterrâneos",
disse.
O relatório informa que a bacia hidrográfica do PCJ consolidou-se como um
lugar importante na opção por alternativas de localização de indústrias da
Região Metropolitana de São Paulo, quando esta passou a viver a transição
de suas vocações industriais para assumir o seu status de núcleo de
formulação de estratégias empresariais e financeiras, próprias dos grandes
centros urbanos.
http://www.rac.com.br/noticias/campinas-e-rmc/106644/2011/11/22/oferta-de-agua-tem-nivel-critico-na-regiao-de-campinas.html
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