Band Cidade Campinas - arvores fiação elétrica - 17 04 2013
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quarta-feira,
17 de abril de 2013 - 14h15 Atualizado em quarta-feira, 17 de abril de 2013 -
14h15
Conflito entre a rede elétrica e as árvores
Reclamação freqüente dos moradores de Campinas ainda é desafio para Executivo e concessionária
Entra
ano, sai ano, entra governo, sai governo e alguns problemas continuam a
perturbar os campineiros.
Em maio
do ano passado, o Metro já havia relatado a relação conflitante da fiação da
rede elétrica com as árvores e até mesmo com os caminhões que circulam pela
cidade. Passado quase um ano, a poda ainda é uma das principais queixas feitas
à pasta de Serviços Públicos por meio do serviço 156.
E não dá
para especificar o bairro onde a situação é mais crítica. O problema está por
toda parte. A população tem razão em reclamar, confirma o secretário Ernesto
Paulella.
Na Vila
Teixeira, por exemplo, há uma árvore que está tirando o sono da moradora Miriam
Angelis. Os galhos já atingiram a fiação elétrica. O medo é o de que a árvore
caia e cause um transtorno ainda maior. A CPFL ainda disse que a poda só será
feita em 60 dias, relata.
Já no
Cambuí, o problema tomou uma proporção tão grande que os moradores desistiram
de reclamar e passaram a levantar a bandeira da instalação subterrânea da
fiação, tal qual é em outros países. A fiação aqui é obsoleta. Nós não estamos
felizes com o serviço que nos é oferecido. Por isso, esperamos mudanças. Se
você vai em um restaurante, pede um bife e te dão um omelete, você vai mandar
trocar, certo? Então, que seja assim. Não estamos contentes com sas
concessionárias.
Alguém
tem que fazer alguma coisa, afirma a gestora ambiental Tereza Penteado,
responsável pelo movimento Resgate Cambuí.
Com a
situação cada vez mais crítica, os moradores acumulam problemas: a interrupção
no fornecimento de energia e a internet e o telefone que sempre ficam fora de
serviço.
Do lado
da Prefeitura de Campinas, Paulella afirma que há um número de profissionais
subdimensionado para dar conta da demanda. Em janeiro eram apenas cinco
profissionais para realizar o serviço em toda a cidade, que davam conta de, no
máximo, 50 podas por dia. No entanto, na época, eram feitos, segundo o
secretário, cerca de 300 novos pedidos de podas de árvores diariamente.
Hoje a
prefeitura conta com 25 profissionais, o que ainda é insuficiente. O Executivo
pretende, até julho, contratar uma empresa para colocar 100 novos profissionais
para desempenhar, exclusivamente, esse serviço.
Entretanto,
o secretário concorda com o Resgate Cambuí e acha que a fiação tem de ser
subterrânea. O engraçado é que a culpa sempre recai sobre a coitada da árvore.
Se a fiação fosse subterrânea conseguiríamos dar conta da demanda e as árvores
não seriam prejudicadas, já que a poda interfere até no crescimento.
Em
resposta, a CPFL Energia informou que realiza somente podas emergenciais para
evitar riscos de danos à rede elétrica. Sobre a Vila Teixeira, a poda será
executada dentro do prazo estipulado e, segundo o engenheiro líder da empresa,
Josias Ricardo de Souza, não há risco de interferência na rede elétrica durante
este período. A empresa ainda disse que desenvolve o Programa de Arborização
Urbana, focado na convivência harmoniosa entre a rede e as árvores
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Árvores por um fio
Como fios e galhos lutam pelo espaço aéreo nas
ruas, redes elétricas subterrâneas podem ser a saída para a arborização urbana
09/04/2013
- 08:32
Ambientes
quentes, calçadas e asfalto danificados pelas raízes, postes com emaranhados de
fios junto a folhas, galhos e até ninhos de pássaros, árvores podadas de forma
tão drástica que, certamente, morrerão futuramente. Tendo em vista estes problemas, o Movimento Resgate o Cambuí, em Campinas (SP),
luta por uma causa pouco conhecida no Brasil: enterrar os fios elétricos aéreos
das ruas.
Segundo
José Pissolato, professor da Unicamp e especialista em alta tensão, as redes
elétricas subterrâneas consistem em redes compactas de energia instaladas
abaixo do solo, com os fios protegidos por dutos. Essas redes substituem as
atuais feitas com postes e cabos elétricos. Ela é feita dentro de dutos
protegidos contra água e outros, como pequenos animais.
Tereza
Penteado concorda com o especialista. Com os fios enterrados, ninguém tomaria
choques, o ambiente mais arborizado promoveria maior bem-estar e lazer,
diminuindo a violência, afirma a profissional.
Um estudo recente da Universidade de
Temple, nos EUA, coincide com a afirmação de Penteado. Segundo a pesquisa, além
de melhorar a qualidade do ar e deixar a paisagem urbana mais agradável, as
árvores também podem combater a criminalidade nas grandes cidades, reduzindo,
principalmente, o número de casos de agressão, furto e roubo. Segundo os
pesquisadores da universidade, localizada na Pensilvânia, as árvores, os
arbustos, praças e parques com a vegetação bem cuidada incentivam a interação
social e a ocupação da comunidade nos espaços públicos, coibindo práticas
violentas.
Menor não
é melhor
A solução
proposta por prefeituras, como a de plantar árvores de pequeno porte nas
calçadas para que não prejudiquem os fios ou as calçadas, não é, segundo Tereza
Penteado, necessariamente correta. Cansamos de nos deparar com mudas de
quaresmeiras plantadas ao lado de um bambu e em um canteiro pequeno o
suficiente para comportar apenas o tronco da árvore.
O professor
José Pissolato explica que a infraestrutura subterrânea ainda não é muito
presente no País devido ao custo de sua instalação. As instalações iniciais são
mais caras que as instalações aéreas, mas o investimento vale a pena. Em longo
prazo, em termos de manutenção, ela não tem os problemas que as aéreas têm. Por
exemplo, uma queda de árvore, uma colisão de um carro e descargas atmosféricas
não afetam os fios dentro do duto subterrâneo. Como as redes ficam abrigadas
embaixo da terra, a proteção contra descargas atmosféricas é de quase 100%.
Não
existe uma lei brasileira que obrigue as concessionárias a investirem nas redes
subterrâneas e Pissolato lamenta o fato. Aqui essas redes são raras, há no
centro de São Paulo e na Avenida Paulista, onde não se vê mais postes com fios
na rua. Mas no exterior isto já é bem utilizado nas grandes cidades como em
Paris, Londres e outras cidades da Europa.
O outro
lado
Tereza
Penteado diz se sentir injustiçada ao estar em um País democrático que cobra altos
impostos mas que não oferece à população aquilo que lhe traria benefícios.
Pagamos uma das mais caras tarifas de energia elétrica no mundo. Pagamos muito
por uma infraestrutura que não é eficiente nem para o homem e nem para o
ambiente. Temos o direito de receber um serviço de qualidade, custe o que
custar, afirma.
Apesar da
triste realidade aérea das redes elétricas, ambos os profissionais mostraram
uma visão firme e positiva quanto à luta da população pela implantação de um
sistema subterrâneo. Uma pressão governamental e por parte da população nas
concessionárias a respeito desse assunto pode trazer benefícios a todos no meu
ver, diz Pissolato.
Acredito
que estamos, sim, caminhando para uma conscientização social. Percebo no
próprio Movimento em que trabalho como a população tem arregaçado as mangas e
lutado cada vez mais pelos seus ideais. Afinal, acho que estamos nos dando
conta da triste realidade de nosso País. Se não lutarmos por nossos interesses,
não vai ser o poder público que fará isto por nós, complementa Tereza Penteado.
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