O professor defende uma regulação mais ampla do agronegócio no país, a
implementação de projetos de reforma agrária e de zoneamento agroecológico. Ele
acredita que o fortalecimento da agricultura familiar pode ser uma alternativa
ao modelo atual.
“O problema não é só a química, mas a maneira como ela é usada. O que
vemos no Brasil é o domínio do agronegócio pelas grandes multinacionais. É
preciso haver regulação do agronegócio e fortalecimento da agricultura familiar
que acaba inviabilizada não apenas pelo agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo
do agronegócio”, disse.
Estudo divulgado há cerca de um mês pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) aponta que o comércio de agrotóxicos no Brasil cresceu 190%
entre 2000 e 2010, mais que o dobro da média mundial, de 93%. O mercado
nacional de agrotóxicos, que em 2010 movimentou US$ 7,3 bilhões, é altamente
concentrado, assim como no restante do mundo. As dez maiores empresas do setor
são responsáveis por 65% da produção nacional e por 75% das vendas. O
levantamento também mostrou que um único produto, o glifosato, é responsável
por 29% do mercado brasileiro de agrotóxicos.
De acordo com o diretor-geral de agrotóxicos do Ministério da
Agricultura, Luiz Rangel, o Brasil lidera o mercado de comercialização de
agrotóxicos em função da dimensão de sua produção agrícola. Ele garante, no
entanto, que os alimentos comercializados no país, mesmo com o uso de
agrotóxicos em sua produção, são seguros, já que para serem autorizados os
defensivos passam por “severo controle”.
“Todos os alimentos consumidos aqui ou exportados têm garantias de
segurança, porque todos os níveis de resíduos foram avaliados e considerados
seguros. Além disso, todos os produtos liberados no Brasil passam por severo
processo de reavaliação, que pode ocorrer até mais de uma vez por ano. Se há
indício de problema à luz do conhecimento científico, temos a obrigação de
revisar os dados para ver se a molécula deve ser substituída”, explicou.
Luiz Rangel também explicou que o Ministério da Agricultura coordena as
ações de fiscalização executadas pelos estados para verificar se o comércio e o
uso desses produtos estão sendo realizados de forma adequada.
“Por meio de um trabalho de inteligência, identificamos que os maiores
consumidores de agrotóxicos no Brasil, cerca de 80%, são as grandes áreas de
elevada tecnologia, ligadas à soja, à cana-de-açúcar, ao trigo, ao algodão etc.
Esse grande mercado nos preocupa menos, porque em geral conta com engenheiros
agrônomos e empresas devidamente instaladas. O que nos traz mais preocupação
são as agriculturas menores, de cinturões verdes, que representam 15% do
mercado, mas 90% do problema em função principalmente dos desvios de uso”,
disse.
Segundo definição do ministério, os agrotóxicos são produtos e agentes
de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de
produção, armazenamento e beneficiamento, pastagens, proteção de florestas
nativas ou implantadas e de outros ecossistemas, bem como de ambientes urbanos,
hídricos e industriais.
Para ser comercializado no país, o agrotóxico precisa ser registrado
pelo Ministério da Agricultura, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Agência Nacional de Anvisa.
(Fonte: Thais Leitão/ Agência Brasil)
Matéria retirada do site ambiente brasil
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